segunda-feira, 31 de maio de 2010

coloque-se no seu lugar/o caderninho rosa de lory lambi

hoje vou aproveitar o espaço do aquórias para fazer a minha auto-terapia porque, finalmente, percebi que tenho pensado demais no meu trabalho. não sei exatamente quando foi, mas foi depois da reunião de planejamento com os meus colegas hoje ao meio-dia. percebi que estou ficando neurótica. passo muito tempo do meu dia pensando em como eu posso responder se alguém vier reclamar de alguma coisa que eu fiz; passo e repasso mentalmente o que eu fiz em cada aula para ver se cometi alguma falha repreensível; penso constantemente em o que será que as pessoas esperam de um professor de alemão. todas essas longas trajetórias de pensamentos são bastante infrutíferas e raramente levam a respostas conclusivas (supondo que existem respostas conclusivas que se sustentam). pior: perdi em vão muitas das minhas certezas.

antes de perceber esse pequeno desastre na minha vida, porém, eu li um texto do Georg Simmel sobre a vida mental nas grandes cidades. não pretendo fazer uma resenha do trabalho dele, mas lendo esse texto do início do séc. xx eu me dei conta de que eu sou uma pessoa do interior. não que eu tenha crescido numa cidadezinha perdida (curitiba tem por volta dos dois milhões de habitantes), mas eu sinto que sou constituida de uma necessidade de trocas constantes e íntimas com outras pessoas. eu preciso escutar de verdade o que outros contam e querem que seja ouvido (e vice-versa) para ter a sensação de que estou estou vivendo algo construtivo. small-talk ou vivências compradas em forma de serviços (leia-se cursos) não são algo edificante de verdade para mim. eu aprendo muito pouco frequentando o parque Lage ou a aliança francesa assim, sem nenhum elo emotivo forte. eu me espelho muito nos outros.

eu poderia amarrar essas duas questões de várias maneiras, mas para não dar muito na cara que eu estou falando de mim e dos meus propríssimos problemas, acho que é bem coerente falar da criatividade como a forma como preenchemos os nossos vazios. por isso, talvez este post seja pra mim algo como uma nova pedra fundamental: eu me situei. eu descobri que sou uma pacata interiorana. isso deixa tudo mais fácil, não?

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